quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Crônica

Autor: Luiz Fernando Vetere Alves
Jornalista - Rio de Janeiro


A Eterna Namorada


Carinhosa, romântica, amorosa, especial, meiga, sedutora, atenciosa. Desde outrora namoradeira, promíscua para uns, precoce para outros, nunca se prendeu a um único amor, embora capaz de se entregar a cada um deles com toda leveza e encanto. Cultiva até hoje eternos namorados, nos mais diversos países pelos quais viaja. E embora desejada e disputada ao extremo, nunca se casou.

Presente e querida em vários países, desfilou com os mais antigos craques, como Leônidas da Silva, Didi e Ademir da Guia, só para se falar em Brasil. Mas aprontou em todos os cantos, com jogadores das mais variadas estirpes. Na Hungria, com Puskas, na Argentina, com Di Stéfano, na Áustria, com Sindelar, isso sem falar nas temporadas passadas com Meazza, na Itália e Kopa, na França.


Lá pela década de 60, frequentou bastante a Europa, passando tórridas temporadas em Portugal, com Eusébio, na Inglaterra com Bobby Charlton e na Itália com Gianni Rivera. Porém, um pouco antes, precisamente no fim da década de 50, conheceu seu romance mais arrebatador e ardente: Pelé. Juntos por mais de 15 anos, viajaram o mundo inteiro, viveram anos dourados e conquistaram tudo que era possível. Como em toda relação de casal que se preze, eram amantes, cúmplices e apaixonados.

Inconscientemente talvez (ou levada a agir assim devido ao seu maior amor pelo Rei do Futebol?), sempre teve paixão por brasileiros. Foi assim com Rivelino, Tostão, Gérson, Zico, Dinamite e, mais recentemente, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Viveu paixão única também com Maradona , argentino galanteador e insinuante. Entretanto, sem negar sua natureza e seu grande coração, teve namorados de várias nacionalidades: holandesa, uruguaia, portuguesa, francesa, argentina, italiana e até dinamarquesa. Ou você torcedor, que, como eu, a venera, não se recorda de seus amores por Gullit, Van Basten, Cruyff, Francescoli, Figo, Platini, Zidane, Riquelme, Baggio e Laudrup?

Senhora de seu destino, caminha por onde é bem tratada, bem quista e amada. Na última década, morreu de amores principalmente por brasileiros, como Romário e Ronaldo Fenômeno. Recentemente, viveu grande fase com Kaká. Hoje, infelizmente, mora na Europa e vem ao Brasil raramente. No Velho Continente, se deslumbra com Cristiano Ronaldo e Messi, principalmente, embora ainda não tenha se esquecido de Kaká.

Aliás, se há um sentimento improvável em seu coração é o esquecimento e o desprezo. Sempre bondosa e magnânima, alguns de seus valores como cumplicidade, paciência, companheirismo e fidelidade (sim, porque ela sempre foi fiel aos seus amados), fizeram e fazem dela, por todos os campos deste planeta, nossa eterna enamorada: a bola.